Miley tomou um gole do seu cappuccino e recostou-se na cadeira.
— Meus parabéns, você está
realmente numa maré de sorte. Não só se saiu muito bem na reunião de hoje de
manhã, como também encontrou o grande amor de sua vida. Ou melhor, pensa que
encontrou. Olhe, gostaria de lhe dar um conselho. Procure um advogado e faça um
contrato pré-nupcial. Assim que Joseph começar a pular a cerca depôs da
lua-de-mel, trate de processá-lo e arrancar-lhe uma fortuna!
Demi caiu na risada.
— Não adianta, Miley. Nem você
com todo esse pessimismo em relação ao sexo masculino, vai conseguir estragar o
meu bom humor. Se estivéssemos tendo essa conversa antes do fim de semana, você
ainda poderia me convencer. Mas não agora!
Miley deu um suspiro.
— Meu Deus, será que dois dias
passados na cama foram o suficiente para convencê-la? Esse Joseph Jonas deve
ter meios muito convincentes para persuadir as pessoas. Aliás, posso muito bem
imaginar que meios sejam esses... Olhe, Demi, eu não estou dizendo que ele não
gosta de você. Longe disso. Mas não acha meio estranho que ele a peça em
casamento no mesmo dia em que o sr. Jonas anuncia, em alto e bom som, que quer
ver seu filho e herdeiro transformado num homem sério?
Demi tomou um gole de seu suco
de laranja.
— Eu entendo o que está
querendo dizer. Aliás, isso também me passou pela cabeça. Mas, se Joseph está
querendo se casar para agradar a família, por que eu? Por que eu e não uma
linda modelo de corpo deslumbrante? Ou quem sabe alguém de seu próprio meio?
Depois de uma pausa para
respirar, Demi continuou:
— Não, Miley, ele realmente me
ama. Ainda não consegui entender como nem por que, mas isso é mesmo verdade.
Tenho certeza absoluta. Ah, se você tivesse visto como ele me tratou bem
durante todo o fim de semana... Até o sexo foi diferente!
— Diferente? Mas diferente
como? Não deve ter sido melhor, é claro. Como melhorar aquilo que você me
contou na segunda-feira passada?
— É, eu não diria que foi
melhor. Mas cheio de carinho e sentimento, talvez.
— Olhe, minha amiga, eu não
quero jogar um balde de água gelada em seu entusiasmo. Não quero mesmo. Longe
de mim uma maldade dessas. Mas é que... — Miley fez uma pausa, tentando
encontrar as palavras certas para expressar sua opinião. — Eu realmente não
creio que Joseph esteja assim tão apaixonado. Claro, não estou dizendo que ele
não gosta de você. Não é isso. Quem em sã consciência pode não gostar de alguém
tão meiga e doce? Bem, ele precisa casar para agradar o pai, não é? Então, por
que não escolher como noiva sua velha amiga Demi, conhecida de tantos anos? Uma
moça bonita, inteligente, agradável... Alguém que nunca esteve interessada na
fortuna da família. Você sabe como esse pessoal não suporta gente interesseira.
Aí, ele a convenceu de que está apaixonado, a pede em casamento e tudo está
resolvido.
Com um sorriso triunfante,
finalizou:
— O papai Jonas fica feliz da
vida e a continuidade da família está assegurada. Muito conveniente, não é?
Demi respirou fundo.
— As coisas não são bem assim,
Miley.
— É claro que são. Esse tipo
de casamento não costuma dar certo. Assim que voltar da lua-de-mel e o
entusiasmo acabar, Joseph estará de volta à antiga vida de playboy. Não creio
que aguente esse tipo de coisa, Demi. Por isso, pense bem antes de dizer o
"sim".
Demi levou o almoço inteiro
tentando convencer Miley de que ela estava enganada, de que Joseph realmente
havia mudado e que a amava de verdade. Não teve muito sucesso na tarefa em
questão.
Quando chegou ao escritório,
meia hora depois, percebeu que sua segurança e que sua certeza já não eram as
mesmas. Miley havia conseguido plantar a semente da dúvida em sua mente. Mas
que droga! Será que sua amiga estava certa? Será que Joseph queria apenas um
casamento de fachada, uma barriga que pudesse gerar um herdeiro para o império
dos Jonas?
Quando o telefone tocou,
momentos depois, seu humor não estava dos melhores.
— Alô? Demi falando.
— Oi Demi, sou eu, Joseph.
Você está me parecendo um pouco aborrecida. O que aconteceu? A reunião não
correu conforme esperava?
— Não, foi tudo bem.
— Mas então por que está com
essa voz tão estranha?
— Acho que estou um pouco
cansada, só isso.
— Harry Wilde é um homem de
muita sorte. Ter você como funcionária deve ser a melhor coisa do mundo!
— Você não me compra com seus
elogios, Joseph.
Fez-se um longo silêncio do
outro lado da linha, que o próprio Tyler se encarregou de quebrar:
— Vamos jantar juntos essa
noite?
Ela foi pega de surpresa. O
que será que Tyler estava pretendendo? Deixá-la viciada em sua companhia, para
que nunca mais conseguisse passar sem ele?
— Eu... não sabia que queria
me ver hoje.
— E claro que quero. Esta
semana está sendo mais livre para mim.
— Sorte sua!
— Você não está muito
bem-humorada, hoje, não é? Olhe, eu gostaria de levá-la para jantar e esticar a
noite numa boate. Um lugar bem especial, na verdade. Você tem alguma sugestão?
— Eu não gosto de sair durante
a semana, Joseph. Não sei se percebeu, mas costumo me levantar muito cedo de
manhã!
— Tudo bem. Podemos jantar no
seu apartamento. Que tal se você me mostrar seus talentos culinários?
— Para quê? Por acaso está
querendo ver se eu sou mesmo capaz de preparar um jantar digno de um membro da
família Jonas?
Outro momento de silêncio do
outro lado da linha, que, novamente, o próprio Joseph se encarregou de quebrar:
— O que está querendo, Demi?
Provocar uma briga? Olhe, acho melhor tomar cuidado, porque pode conseguir o
que está querendo!
E dizendo isso, desligou.
Demi ficou durante muito tempo
olhando para o fone em sua mão, a vergonha consumindo-lhe a alma. Mas o que
estava dando nela? Tudo culpa de Miley, que ficava pondo um monte de minhocas
em sua cabeça! Joseph havia sido a melhor coisa que já acontecera em sua vida.
Não podia deixar que sua amiga plantasse a semente da dúvida em sua mente.
Com dedos trêmulos, ligou para
seu celular. Durante alguns terríveis instantes, achou que ele não fosse
atender. Quando finalmente ele o fez, sua voz era fria e distante:
— Alô?
— Joseph, sou eu. Por favor,
me desculpe. Não sei o que deu em mim. Falei uma porção de bobagens. Adoraria
sair para jantar e dançar com você hoje à noite. É verdade. Por favor, diga
alguma coisa. Não desligue na minha cara de novo...
Ele hesitou. O coração de Demi
começou a bater com mais força.
— Muito bem. — A voz dele
continuava gelada. — Quando?
— Quando o quê?
— Quando é que eu posso passar
pelo seu apartamento a fim de apanhá-la para o nosso compromisso?
Ela deu um suspiro de puro
alívio.
— Que tal às sete? É muito
cedo para você?
— Não. Nunca é cedo demais
para vê-la, Michele.
Graças a Deus. A voz dele
estava bem mais suave agora.
Os traços de agressividade
tinham desaparecido por completo.
— Estarei pronta, à sua
espera.
— Ótimo. Como sempre, use algo
bem sexy.
Foram jantar no Le Soleil, o
melhor restaurante da cidade de Sidney, ponto de encontro dos milionários,
artistas e famosos em geral. Demi só o conhecia de nome. Ela e Wilmer jamais
haviam estado lá, o que não era de se admirar. As contas costumavam ser
equivalentes a um mês de seus salários.
Foi uma das noites mais
gloriosas da vida dela. Os camarões flambados no conhaque estavam magníficos,
assim como a torta de chocolate amargo de sobremesa. Depois do café e do licor,
foram esticar numa boate igualmente sofisticada, famosa por tocar músicas
românticas dos anos sessenta.
Joseph e Demi passaram horas
dançando agarradinhos, sentindo o calor de seus corpos, ouvindo as batidas de
seus corações. Estavam tão excitados quando chegaram em casa, que nem
conseguiram chegar ao quarto. Amaram-se ali mesmo no chão da sala, as paredes
absorveram seus gritos de paixão e de desejo.
No dia seguinte, ao acordar, Demi
sentia-se nas nuvens. Porém, tal sentimento de bem-estar começou a desaparecer
assim que se despediu de Joseph e chegou ao escritório para mais um dia de
trabalho. Ainda não havia conseguido uma solução para o seu problema. Longe
disso. As dúvidas que assombravam sua mente estavam ali, no mesmo lugar,
tirando-lhe o sossego e a concentração.
Joseph a amava de verdade? Ou
queria apenas uma esposa, uma espécie de barriga de aluguel que pudesse dar um
herdeiro à família Jonas? Ela não fazia idéia. E quanto mais pensava no
assunto, mais distante parecia estar a resposta.
Demi evitou Miley nos dois
dias que se seguiram. Sua melhor amiga a convidou para almoçar na terça e na
quarta-feira, mas, naquela altura da história, a recusa pareceu ser a melhor
pedida.
Não podia se deixar levar pelo
pessimismo de alguém que, por azar do destino, havia sido profundamente infeliz
no casamento.
Na quinta-feira de manhã, ela
estava a ponto de explodir. Passava da euforia à depressão em questão de
segundos. Joseph a ama de verdade, uma
vozinha soava em seu ouvido direito. Ele
vai fazer de você a mais feliz das mulheres. Joseph não a ama coisa nenhuma, soava
outra vozinha em seu ouvido esquerdo. Tudo
o que ele quer é alguém que se preste a representar o papel da futura sra. Jonas e da mãe do
herdeiro que venha a tomar conta dos negócios da família.
Na hora do almoço, ela chegou
à conclusão de que, se não fosse dar uma volta a fim de esfriar a cabeça,
acabaria ficando maluca. Apanhou o casaco e saiu a pé pelas ruas da cidade,
deixando que o vento do início de junho batesse em seu rosto e em seus cabelos.
Pouco depois, como estivesse
começando a chover, procurou abrigo num dos shopping centers das proximidades.
Passeou pelos corredores cheios de lojas, parou em frente às vitrines, entrou
numa lanchonete e pediu um refrigerante. Tudo para ver se conseguia pôr um
pouco de ordem em seus pensamentos.
— Seu refrigerante, senhorita.
— Obrigada.
Ela apanhou o copo e sentou-se
a uma mesa. Um dia, há muito tempo, uma cartomante lhe dissera que seria mãe de
uma menina linda, uma verdadeira boneca de cabelos castanhos e olhos azuis. Na
época, presumira que o pai seria Wilmer. Claro, quem mais poderia ser?
Agora, porém, via claramente
que tal hipótese estava fora de cogitação. Ela jamais teria uma filha com o
ex-noivo. Mas... e se o pai fosse Joseph? Ele sim era moreno de olhos azuis.
Sim. Aquilo fazia sentido. Pensou em procurar novamente a tal cartomante e
pedir-lhe um conselho. Ora, aquilo era uma enorme bobagem. Ninguém poderia
ajudá-la naquele instante, a não ser ela mesma.
Será?
— Olá, Demi.
Ela estava tão perdida nos
próprios pensamentos, que nem tinha reparado que alguém havia se sentado a seu
lado. Por um instante, pensou que os problemas dos últimos dias haviam feito
com que visse miragens. Piscou os olhos... mas a miragem não desapareceu. Ao
contrário. Continuou bem firme onde estava, causando-lhe um arrepio de puro
horror.
— Wilmer! Como ousa se aproximar
de mim? Eu falei que não queria vê-lo nunca mais! E minha raiva não significa
que ainda sinto alguma coisa por você. Longe disso!
— E por acaso acha que eu
tenho alguma dúvida a esse respeito? É claro que não!
Wilmer respirou fundo:
— Você pensa que eu sou tão
imbecil, a ponto de achar que tenho condições de competir com Joseph? Aquilo
que falei no dia do meu casamento foi apenas um monte de besteira, causada por
meu ego ferido... mais uma boa dose de ciúme! É isso aí, garota. O fato de ter
visto vocês dois se beijando naquela festa quase estragou minha noite de
núpcias!
Ele deu um sorriso.
— Acho que fez uma ótima
troca, Demi. Joseph é o homem ideal para você. Não eu.
Espantada demais para abrir a
boca, ela ficou ali, parada com o copo de refrigerante na mão, ouvindo-o falar.
— A verdade é que eu nunca me
senti bem ao seu lado. Claro que gostava de você, de sua companhia... mas o
problema é que jamais consegui lidar direito com o fato de você ser tão mais
inteligente e brilhante do que eu. Perto de você, tinha de me esforçar ao
máximo para tentar ser algo que eu não era. No final, senti que já não estava
mais conseguindo fingir. E fui embora.
Wilmer respirou fundo, como se
aquelas lembranças ainda lhe causassem um pouco de dor. Mas então, seu rosto
recuperou um pouco de alegria.
— Agora com Dannielle, tudo
muda de figura. Tanto na parte sexual como intelectual, sou superior a ela. Sob
toda aquela aura de moça de sociedade, existe uma garota doce e simples. E ela
simplesmente me adora. A seu lado, não preciso fingir ser o que não sou, você
entende? Danni levantou minha auto-estima como ninguém. E, apesar de você,
talvez, não acreditar, eu realmente gosto dela. De verdade. Posso dizer mesmo
que estou apaixonado. Ela é um amor de pessoa. Quem sabe um dia vocês até se
tornem amigas.
Surpreendentemente, Demi
sentiu um certo alívio ao ouvir aquilo. Ela não desejara nenhum mal ao
ex-noivo, nem a Dannielle Baker. A vida era muito curta para perder tempo com
sentimentos inúteis de vingança. Desejava que todos fossem felizes... assim
como desejava a própria felicidade.
— Então, como vai o namoro
entre vocês dois? — continuou ele. — Já estão pensando em alguma coisa mais
séria?
Finalmente, Demi conseguiu
abrir a boca para falar alguma coisa.
— Ele... me pediu em
casamento.
O rosto de Wilmer mostrou uma
porção de emoções confusas e desencontradas. Alegria, ciúme, insegurança,
nostalgia.
— E mesmo? Meus parabéns! Já
marcaram a data? Faço questão de ser convidado para a cerimônia!
Michele engoliu em seco.
— A data ainda não foi
marcada, Wilmer. Na verdade, nem sei se vou aceitar o pedido.
Seu ex-noivo não podia ter
ficado mais surpreso.
— Como assim não sabe se vai
aceitar o pedido? Mas eu pensei que você estivesse apaixonada por ele! Também,
com aquela cena que vi no dia do meu casamento... Vocês pareciam Ali Mac Graw e
Ryan 0'Neil interpretando Jennifer e Oliver no filme Love Story!
Ela recostou-se na cadeira.
— Eu sou louca por ele, Wilmer.
Nunca pensei que pudesse sentir coisa igual por qualquer ser humano. É um
sentimento tão forte, que às vezes acho que vou explodir!
O rosto apalermado de Wilmer
ficou mas apalermado ainda.
— Mas eu não estou entendendo
nada! Se você o ama tanto, se está assim tão apaixonada, por que não aceita
logo seu pedido e acaba com essa confusão de uma vez por todas?
Demi fez uma pausa,
decidindo-se se devia se abrir ou não com seu ex-noivo. A angústia que sentia
dentro do peito fez com que se decidisse pela primeira alternativa.
— Eu tenho certeza de que amo Joseph,
Wilmer. Certeza absoluta. Mas não tenho tanta certeza assim quanto aos
sentimentos dele em relação a mim. Estou com medo. Aliás, estou apavorada,
achando que ele talvez só tenha feito o pedido por causa de sua família.
Wilmer franziu a testa.
— Mas que família? A que ele
já tem ou a que talvez queira ter no futuro?
— A que ele já tem. Seu pai
quer vê-lo casado de qualquer jeito.
Wilmer ficou pensativo, então
balançou a cabeça.
— Não. Não, Demi. Eu não acho
que Joseph se case só para agradar o sr. Jonas, ou seja lá quem for. Disso eu
tenho certeza. Ele é um homem que toma suas próprias decisões. Olhe, eu acho
sinceramente que você está preocupada à toa. Se Joseph disse que te ama, então
é porque ama mesmo. Se a pediu em casamento, então é porque é à vontade dele,
só dele e não a do sr. Jonas.
Demi endireitou o corpo.
Estranho como a ajuda às vezes vinha dos lugares e das pessoas mais estranhas.
— Você... acha mesmo?
— Claro. Não se esqueça de que
conheço Joseph. Somos amigos há dez anos.
A alegria que lhe invadiu a
alma foi tão grande, que ela se atirou nos braços do ex-noivo e o beijou.
— Obrigada, Wilmer! Obrigada
mesmo!
Ele a apertou com força.
— Por que não liga para Joseph
agora e diz que aceita seu pedido?
— Acho que vou fazer isso
mesmo!
Wilmer então se afastou e olhou
para o relógio.
— Bem, preciso ir andando.
Minha hora de almoço já acabou. Boa sorte, garota. E cuide-se!
Abraçaram-se novamente, então Demi
observou-o deixar a lanchonete. Momentos depois, abria a bolsa e apanhara seu
telefone celular. Mal podia esperar para dar a notícia a Joseph! Ela sentia que
podia explodir de tanta alegria.
Estava começando a discar,
quando uma voz gelada vinda dali de perto fez com que levantasse a cabeça.
Imediatamente, o sangue fugiu-lhe do rosto.
— Se é para Joseph que está ligando,
sugiro que mude de idéia. Ele não vai se dar ao trabalho de atendê-la, sua
falsa de uma figa!
Continua...
Meninas, eu to nas ultimas provas, por isso nao to postando, me desculpem mesmo ta...Hj posto mais um e quem sabe a sinopse da nova historia ;)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Me deixe feliz com o seu comentário, espero que tenham gostado... Kisses s2