domingo, 15 de dezembro de 2013

CAPÍTULO XI (penúltimo)

Miley tomou um gole do seu cappuccino e recostou-se na cadeira.
— Meus parabéns, você está realmente numa maré de sorte. Não só se saiu muito bem na reunião de hoje de manhã, como também encontrou o grande amor de sua vida. Ou melhor, pensa que encontrou. Olhe, gostaria de lhe dar um conselho. Procure um advogado e faça um contrato pré-nupcial. Assim que Joseph começar a pular a cerca depôs da lua-de-mel, trate de processá-lo e arrancar-lhe uma fortuna!
Demi caiu na risada.
— Não adianta, Miley. Nem você com todo esse pessimismo em relação ao sexo masculino, vai conseguir estragar o meu bom humor. Se estivéssemos tendo essa conversa antes do fim de semana, você ainda poderia me convencer. Mas não agora!
Miley deu um suspiro.
— Meu Deus, será que dois dias passados na cama foram o suficiente para convencê-la? Esse Joseph Jonas deve ter meios muito convincentes para persuadir as pessoas. Aliás, posso muito bem imaginar que meios sejam esses... Olhe, Demi, eu não estou dizendo que ele não gosta de você. Longe disso. Mas não acha meio estranho que ele a peça em casamento no mesmo dia em que o sr. Jonas anuncia, em alto e bom som, que quer ver seu filho e herdeiro transformado num homem sério?
Demi tomou um gole de seu suco de laranja.
— Eu entendo o que está querendo dizer. Aliás, isso também me passou pela cabeça. Mas, se Joseph está querendo se casar para agradar a família, por que eu? Por que eu e não uma linda modelo de corpo deslumbrante? Ou quem sabe alguém de seu próprio meio?
Depois de uma pausa para respirar, Demi continuou:
— Não, Miley, ele realmente me ama. Ainda não consegui entender como nem por que, mas isso é mesmo verdade. Tenho certeza absoluta. Ah, se você tivesse visto como ele me tratou bem durante todo o fim de semana... Até o sexo foi diferente!
— Diferente? Mas diferente como? Não deve ter sido melhor, é claro. Como melhorar aquilo que você me contou na segunda-feira passada?
— É, eu não diria que foi melhor. Mas cheio de carinho e sentimento, talvez.
— Olhe, minha amiga, eu não quero jogar um balde de água gelada em seu entusiasmo. Não quero mesmo. Longe de mim uma maldade dessas. Mas é que... — Miley fez uma pausa, tentando encontrar as palavras certas para expressar sua opinião. — Eu realmente não creio que Joseph esteja assim tão apaixonado. Claro, não estou dizendo que ele não gosta de você. Não é isso. Quem em sã consciência pode não gostar de alguém tão meiga e doce? Bem, ele precisa casar para agradar o pai, não é? Então, por que não escolher como noiva sua velha amiga Demi, conhecida de tantos anos? Uma moça bonita, inteligente, agradável... Alguém que nunca esteve interessada na fortuna da família. Você sabe como esse pessoal não suporta gente interesseira. Aí, ele a convenceu de que está apaixonado, a pede em casamento e tudo está resolvido.
Com um sorriso triunfante, finalizou:
— O papai Jonas fica feliz da vida e a continuidade da família está assegurada. Muito conveniente, não é?
Demi respirou fundo.
— As coisas não são bem assim, Miley.
— É claro que são. Esse tipo de casamento não costuma dar certo. Assim que voltar da lua-de-mel e o entusiasmo acabar, Joseph estará de volta à antiga vida de playboy. Não creio que aguente esse tipo de coisa, Demi. Por isso, pense bem antes de dizer o "sim".
Demi levou o almoço inteiro tentando convencer Miley de que ela estava enganada, de que Joseph realmente havia mudado e que a amava de verdade. Não teve muito sucesso na tarefa em questão.
Quando chegou ao escritório, meia hora depois, percebeu que sua segurança e que sua certeza já não eram as mesmas. Miley havia conseguido plantar a semente da dúvida em sua mente. Mas que droga! Será que sua amiga estava certa? Será que Joseph queria apenas um casamento de fachada, uma barriga que pudesse gerar um herdeiro para o império dos Jonas?
Quando o telefone tocou, momentos depois, seu humor não estava dos melhores.
— Alô? Demi falando.
— Oi Demi, sou eu, Joseph. Você está me parecendo um pouco aborrecida. O que aconteceu? A reunião não correu conforme esperava?
— Não, foi tudo bem.
— Mas então por que está com essa voz tão estranha?
— Acho que estou um pouco cansada, só isso.
— Harry Wilde é um homem de muita sorte. Ter você como funcionária deve ser a melhor coisa do mundo!
— Você não me compra com seus elogios, Joseph.
Fez-se um longo silêncio do outro lado da linha, que o próprio Tyler se encarregou de quebrar:
— Vamos jantar juntos essa noite?
Ela foi pega de surpresa. O que será que Tyler estava pretendendo? Deixá-la viciada em sua companhia, para que nunca mais conseguisse passar sem ele?
— Eu... não sabia que queria me ver hoje.
— E claro que quero. Esta semana está sendo mais livre para mim.
— Sorte sua!
— Você não está muito bem-humorada, hoje, não é? Olhe, eu gostaria de levá-la para jantar e esticar a noite numa boate. Um lugar bem especial, na verdade. Você tem alguma sugestão?
— Eu não gosto de sair durante a semana, Joseph. Não sei se percebeu, mas costumo me levantar muito cedo de manhã!
— Tudo bem. Podemos jantar no seu apartamento. Que tal se você me mostrar seus talentos culinários?
— Para quê? Por acaso está querendo ver se eu sou mesmo capaz de preparar um jantar digno de um membro da família Jonas?
Outro momento de silêncio do outro lado da linha, que, novamente, o próprio Joseph se encarregou de quebrar:
— O que está querendo, Demi? Provocar uma briga? Olhe, acho melhor tomar cuidado, porque pode conseguir o que está querendo!
E dizendo isso, desligou.
Demi ficou durante muito tempo olhando para o fone em sua mão, a vergonha consumindo-lhe a alma. Mas o que estava dando nela? Tudo culpa de Miley, que ficava pondo um monte de minhocas em sua cabeça! Joseph havia sido a melhor coisa que já acontecera em sua vida. Não podia deixar que sua amiga plantasse a semente da dúvida em sua mente.
Com dedos trêmulos, ligou para seu celular. Durante alguns terríveis instantes, achou que ele não fosse atender. Quando finalmente ele o fez, sua voz era fria e distante:
— Alô?
— Joseph, sou eu. Por favor, me desculpe. Não sei o que deu em mim. Falei uma porção de bobagens. Adoraria sair para jantar e dançar com você hoje à noite. É verdade. Por favor, diga alguma coisa. Não desligue na minha cara de novo...
Ele hesitou. O coração de Demi começou a bater com mais força.
— Muito bem. — A voz dele continuava gelada. — Quando?
— Quando o quê?
— Quando é que eu posso passar pelo seu apartamento a fim de apanhá-la para o nosso compromisso?
Ela deu um suspiro de puro alívio.
— Que tal às sete? É muito cedo para você?
— Não. Nunca é cedo demais para vê-la, Michele.
Graças a Deus. A voz dele estava bem mais suave agora.
Os traços de agressividade tinham desaparecido por completo.
— Estarei pronta, à sua espera.
— Ótimo. Como sempre, use algo bem sexy.
Foram jantar no Le Soleil, o melhor restaurante da cidade de Sidney, ponto de encontro dos milionários, artistas e famosos em geral. Demi só o conhecia de nome. Ela e Wilmer jamais haviam estado lá, o que não era de se admirar. As contas costumavam ser equivalentes a um mês de seus salários.
Foi uma das noites mais gloriosas da vida dela. Os camarões flambados no conhaque estavam magníficos, assim como a torta de chocolate amargo de sobremesa. Depois do café e do licor, foram esticar numa boate igualmente sofisticada, famosa por tocar músicas românticas dos anos sessenta.
Joseph e Demi passaram horas dançando agarradinhos, sentindo o calor de seus corpos, ouvindo as batidas de seus corações. Estavam tão excitados quando chegaram em casa, que nem conseguiram chegar ao quarto. Amaram-se ali mesmo no chão da sala, as paredes absorveram seus gritos de paixão e de desejo.
No dia seguinte, ao acordar, Demi sentia-se nas nuvens. Porém, tal sentimento de bem-estar começou a desaparecer assim que se despediu de Joseph e chegou ao escritório para mais um dia de trabalho. Ainda não havia conseguido uma solução para o seu problema. Longe disso. As dúvidas que assombravam sua mente estavam ali, no mesmo lugar, tirando-lhe o sossego e a concentração.
Joseph a amava de verdade? Ou queria apenas uma esposa, uma espécie de barriga de aluguel que pudesse dar um herdeiro à família Jonas? Ela não fazia idéia. E quanto mais pensava no assunto, mais distante parecia estar a resposta.
Demi evitou Miley nos dois dias que se seguiram. Sua melhor amiga a convidou para almoçar na terça e na quarta-feira, mas, naquela altura da história, a recusa pareceu ser a melhor pedida.
Não podia se deixar levar pelo pessimismo de alguém que, por azar do destino, havia sido profundamente infeliz no casamento.


Na quinta-feira de manhã, ela estava a ponto de explodir. Passava da euforia à depressão em questão de segundos. Joseph a ama de verdade, uma vozinha soava em seu ouvido direito. Ele vai fazer de você a mais feliz das mulheres. Joseph não a ama coisa nenhuma, soava outra vozinha em seu ouvido esquerdo. Tudo o que ele quer é alguém que se preste a representar o papel da futura sra. Jonas e da mãe do herdeiro que venha a tomar conta dos negócios da família.
Na hora do almoço, ela chegou à conclusão de que, se não fosse dar uma volta a fim de esfriar a cabeça, acabaria ficando maluca. Apanhou o casaco e saiu a pé pelas ruas da cidade, deixando que o vento do início de junho batesse em seu rosto e em seus cabelos.
Pouco depois, como estivesse começando a chover, procurou abrigo num dos shopping centers das proximidades. Passeou pelos corredores cheios de lojas, parou em frente às vitrines, entrou numa lanchonete e pediu um refrigerante. Tudo para ver se conseguia pôr um pouco de ordem em seus pensamentos.
— Seu refrigerante, senhorita.
— Obrigada.
Ela apanhou o copo e sentou-se a uma mesa. Um dia, há muito tempo, uma cartomante lhe dissera que seria mãe de uma menina linda, uma verdadeira boneca de cabelos castanhos e olhos azuis. Na época, presumira que o pai seria Wilmer. Claro, quem mais poderia ser?
Agora, porém, via claramente que tal hipótese estava fora de cogitação. Ela jamais teria uma filha com o ex-noivo. Mas... e se o pai fosse Joseph? Ele sim era moreno de olhos azuis. Sim. Aquilo fazia sentido. Pensou em procurar novamente a tal cartomante e pedir-lhe um conselho. Ora, aquilo era uma enorme bobagem. Ninguém poderia ajudá-la naquele instante, a não ser ela mesma.
Será?
— Olá, Demi.
Ela estava tão perdida nos próprios pensamentos, que nem tinha reparado que alguém havia se sentado a seu lado. Por um instante, pensou que os problemas dos últimos dias haviam feito com que visse miragens. Piscou os olhos... mas a miragem não desapareceu. Ao contrário. Continuou bem firme onde estava, causando-lhe um arrepio de puro horror.
— Wilmer! Como ousa se aproximar de mim? Eu falei que não queria vê-lo nunca mais! E minha raiva não significa que ainda sinto alguma coisa por você. Longe disso!
— E por acaso acha que eu tenho alguma dúvida a esse respeito? É claro que não!
Wilmer respirou fundo:
— Você pensa que eu sou tão imbecil, a ponto de achar que tenho condições de competir com Joseph? Aquilo que falei no dia do meu casamento foi apenas um monte de besteira, causada por meu ego ferido... mais uma boa dose de ciúme! É isso aí, garota. O fato de ter visto vocês dois se beijando naquela festa quase estragou minha noite de núpcias!
Ele deu um sorriso.
— Acho que fez uma ótima troca, Demi. Joseph é o homem ideal para você. Não eu.
Espantada demais para abrir a boca, ela ficou ali, parada com o copo de refrigerante na mão, ouvindo-o falar.
— A verdade é que eu nunca me senti bem ao seu lado. Claro que gostava de você, de sua companhia... mas o problema é que jamais consegui lidar direito com o fato de você ser tão mais inteligente e brilhante do que eu. Perto de você, tinha de me esforçar ao máximo para tentar ser algo que eu não era. No final, senti que já não estava mais conseguindo fingir. E fui embora.
Wilmer respirou fundo, como se aquelas lembranças ainda lhe causassem um pouco de dor. Mas então, seu rosto recuperou um pouco de alegria.
— Agora com Dannielle, tudo muda de figura. Tanto na parte sexual como intelectual, sou superior a ela. Sob toda aquela aura de moça de sociedade, existe uma garota doce e simples. E ela simplesmente me adora. A seu lado, não preciso fingir ser o que não sou, você entende? Danni levantou minha auto-estima como ninguém. E, apesar de você, talvez, não acreditar, eu realmente gosto dela. De verdade. Posso dizer mesmo que estou apaixonado. Ela é um amor de pessoa. Quem sabe um dia vocês até se tornem amigas.
Surpreendentemente, Demi sentiu um certo alívio ao ouvir aquilo. Ela não desejara nenhum mal ao ex-noivo, nem a Dannielle Baker. A vida era muito curta para perder tempo com sentimentos inúteis de vingança. Desejava que todos fossem felizes... assim como desejava a própria felicidade.
— Então, como vai o namoro entre vocês dois? — continuou ele. — Já estão pensando em alguma coisa mais séria?
Finalmente, Demi conseguiu abrir a boca para falar alguma coisa.
— Ele... me pediu em casamento.
O rosto de Wilmer mostrou uma porção de emoções confusas e desencontradas. Alegria, ciúme, insegurança, nostalgia.
— E mesmo? Meus parabéns! Já marcaram a data? Faço questão de ser convidado para a cerimônia!
Michele engoliu em seco.
— A data ainda não foi marcada, Wilmer. Na verdade, nem sei se vou aceitar o pedido.
Seu ex-noivo não podia ter ficado mais surpreso.
— Como assim não sabe se vai aceitar o pedido? Mas eu pensei que você estivesse apaixonada por ele! Também, com aquela cena que vi no dia do meu casamento... Vocês pareciam Ali Mac Graw e Ryan 0'Neil interpretando Jennifer e Oliver no filme Love Story!
Ela recostou-se na cadeira.
— Eu sou louca por ele, Wilmer. Nunca pensei que pudesse sentir coisa igual por qualquer ser humano. É um sentimento tão forte, que às vezes acho que vou explodir!
O rosto apalermado de Wilmer ficou mas apalermado ainda.
— Mas eu não estou entendendo nada! Se você o ama tanto, se está assim tão apaixonada, por que não aceita logo seu pedido e acaba com essa confusão de uma vez por todas?
Demi fez uma pausa, decidindo-se se devia se abrir ou não com seu ex-noivo. A angústia que sentia dentro do peito fez com que se decidisse pela primeira alternativa.
— Eu tenho certeza de que amo Joseph, Wilmer. Certeza absoluta. Mas não tenho tanta certeza assim quanto aos sentimentos dele em relação a mim. Estou com medo. Aliás, estou apavorada, achando que ele talvez só tenha feito o pedido por causa de sua família.
Wilmer franziu a testa.
— Mas que família? A que ele já tem ou a que talvez queira ter no futuro?
— A que ele já tem. Seu pai quer vê-lo casado de qualquer jeito.
Wilmer ficou pensativo, então balançou a cabeça.
— Não. Não, Demi. Eu não acho que Joseph se case só para agradar o sr. Jonas, ou seja lá quem for. Disso eu tenho certeza. Ele é um homem que toma suas próprias decisões. Olhe, eu acho sinceramente que você está preocupada à toa. Se Joseph disse que te ama, então é porque ama mesmo. Se a pediu em casamento, então é porque é à vontade dele, só dele e não a do sr. Jonas.
Demi endireitou o corpo. Estranho como a ajuda às vezes vinha dos lugares e das pessoas mais estranhas.
— Você... acha mesmo?
— Claro. Não se esqueça de que conheço Joseph. Somos amigos há dez anos.
A alegria que lhe invadiu a alma foi tão grande, que ela se atirou nos braços do ex-noivo e o beijou.
— Obrigada, Wilmer! Obrigada mesmo!
Ele a apertou com força.
— Por que não liga para Joseph agora e diz que aceita seu pedido?
— Acho que vou fazer isso mesmo!
Wilmer então se afastou e olhou para o relógio.
— Bem, preciso ir andando. Minha hora de almoço já acabou. Boa sorte, garota. E cuide-se!
Abraçaram-se novamente, então Demi observou-o deixar a lanchonete. Momentos depois, abria a bolsa e apanhara seu telefone celular. Mal podia esperar para dar a notícia a Joseph! Ela sentia que podia explodir de tanta alegria.
Estava começando a discar, quando uma voz gelada vinda dali de perto fez com que levantasse a cabeça. Imediatamente, o sangue fugiu-lhe do rosto.
— Se é para Joseph que está ligando, sugiro que mude de idéia. Ele não vai se dar ao trabalho de atendê-la, sua falsa de uma figa!




Continua...
Meninas, eu to nas ultimas provas, por isso nao to postando, me desculpem mesmo ta...Hj posto mais um e quem sabe a sinopse da nova historia ;)

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