CAPÍTULO III

— Bem, que tal? — perguntou Demi, dando uma voltinha. — Quero sua opinião sincera!

Miley não conseguiu reprimir um assobio de admiração.

— Uau! Com esta roupa, os cabelos arrumados assim e esta maquiagem, você está parecendo uma modelo francesa!

Quando Miley havia lhe mostrado aquele lindo vestido cor-de-rosa na vitrine, há três dias, ela meneara negativamente a cabeça, dizendo que era muito chamativo. Não costumava usar aquela cor, dando preferência aos tons neutros. Esses eram mais fáceis de combinar com outras roupas e podiam ser usadas muitas vezes, com diferentes acessórios.

Mas Miley pedira para que a vendedora lhe mostrasse o vestido e insistira que Demi o provasse. E agora ali ela estava pronta para o casamento, estudando a própria imagem no espelho, tentando adivinhar o que Wilmer iria dizer quando a visse.

Antes dele, porém, era preciso enfrentar Joseph. Engraçado, mas ela estava mais preocupada com a opinião do amigo a respeito de sua aparência do que com a do ex-noivo.

Quero que você use algo bem sensual..., ele havia lhe dito. E o vestido escolhido por Miley fazia jus a tal denominação. Era um tubinho de crepe acima dos joelhos, com um enorme decote nas costas. Demi nunca tivera uma roupa tão provocante na vida.

Miley continuava a observá-la com cuidado.

— Sabe de uma coisa? Seu querido amiguinho playboy vai ter um ataque do coração quando chegar e vê-la. Olhe, Demi, eu realmente espero que você tenha consciência do que fez quando o chamou para acompanhá-la ao casamento de Wilmer. Não importa o quanto tente se controlar, é claro que você vai acabar caindo no choro no final da festa. Daí ele irá abraçá-la e confortá-la com seus braços enormes de lobo mau e, antes que se dê conta, estará na cama com ele. Demi começou a rir.

— Você diz isso porque não conhece Joseph. Ele nunca me deu a mínima. O sujeito é um dos maiores conquistadores do país e tem à sua disposição as mulheres mais bonitas do mundo. O que ele iria querer com uma morena sem graça como eu?

Miley fez uma careta.

— Morena sem graça? Acho que não tem se olhado no espelho ultimamente. Você é uma mulher muito bonita. Acho estranho que não se dê conta do fato.

— Seja lá como for, eu jamais terei qualquer chance com ele. Os Joseph Jonas da vida não se misturam com simples mortais como nós.

Realmente, uma verdade incontestável. Miley olhou para o relógio.

— Bem, a que horas o playboy ficou de vir buscá-la?

— Ele vai passar por aqui às três e meia. Vou esperá-lo na portaria.

Joseph vinha lhe telefonando pelo menos três vezes por semana, desde aquela nefasta noite para saber se ela estava bem e se ainda continuava firme em seu propósito de ir ao casamento. O último telefonema acontecera há dois dias. Aí então ela já tinha comprado o vestido cor-de-rosa e nada nesta vida iria fazê-la mudar de idéia e recuar.

Não tivera notícias de Wilmer. Nem um telefonema, tampouco uma visita para se explicar. Então, já que não lhe dava a mínima, por que enviara o convite? Ele só podia estar sendo deliberadamente cruel.

Havia pensado muito naquelas três semanas. E chegara à conclusão nada animadora de que seu ex-noivo havia se tornado um hábito pouco saudável que nunca havia conseguido quebrar, até que ele próprio se encarregasse de fazê-lo.

O amor tinha o estranho dom de deixar as pessoas cegas para a verdade. Como ela fora tola e ingênua! Wilmer a usara durante aquele tempo todo. E quando tivera uma chance de ascender socialmente através do casamento com uma milionária, jogara a fora como se ela fosse um saco de lixo.

Será que ele tinha se dignado a lhe dirigir um só pensamento naquele dia? E se tivesse, o que teria pensado? Talvez a tivesse imaginado chorando pelos cantos, completamente desesperada!

Bem, nesse caso, ele iria ter o maior choque de sua vida. Porque ela não iria estar em canto algum. Ao contrário. Estaria bem no meio da igreja, deixando claro para todos que poderia sobreviver perfeitamente sem ele. O melhor de tudo era a presença de Joseph Jonas a seu lado. O sempre lindo e charmoso Joseph, sonho de todas as mulheres...

Foi aí então que uma idéia seguiu em sua cabeça. Uma excelente idéia, na verdade. Se Wilmer achasse que ela estava mesmo namorando Joseph, as coisas poderiam ficar muito mais interessantes.

— Demi? — chamou Miley. — Já está quase na hora. São três e vinte e cinco. Você está se sentindo bem? Não sei não, mas sua expressão está me parecendo meio estranha...

Ela sorriu para a amiga.

— Não se preocupe, querida. Eu estou muito bem. Bem demais, até...

— Tem certeza?

— Tenho. Pode acreditar em mim. Meus olhos já estão bem abertos. Wilmer não me merece. O filho da mãe não vale nada.

Miley levantou uma sobrancelha.

— Eu podia ter lhe dito tudo isso antes, se tivesse me perguntado.

— Então pode abrir a boca e começar a me dizer agora.

— Wilmer não a merece. Ele não passa de um sujeitinho aproveitador que não vale o que come!

Demi sorriu e deu uma última olhada no espelho.

— Muito obrigada. Agora acho melhor ir andando... Até que, para um playboy, Joseph é bem pontual.

As duas amigas desceram juntas até a portaria. Passava um pouco das três e meia, mas nem sinal de Joseph. As três e quarenta, Demi estava pensando em voltar ao apartamento e ligar para o celular dele, quando uma reluzente Ferrari vermelha estacionou em frente ao edifício em que elas moravam.

— Misericórdia! — exclamou ela. — Ele comprou outro carro! Miley, porém, pareceu pouco preocupada com a tal aquisição.

— Quer saber de uma coisa, minha amiga? Ele poderia ter chegado em um Fusca, caindo aos pedaços, que eu teria ficado de boca aberta do mesmo jeito. Mas que homem bonito, Demi. Como é que alguém consegue ser assim tão atraente?

Ela podia compreender perfeitamente o encantamento de Miley. De terno, Joseph conseguia ficar ainda mais irresistível.

De um modo ou de outro, aquela reação não deixava de ser um conforto. Então não era só Demi quem se derretia quando ele se aproximava. Joseph Jonas tinha o dom de mexer com as emoções de todas as mulheres do mundo.

— É, ele é bonito mesmo. Mas não se esqueça daquilo que já comentamos. Os Joseph Jonas da vida, não foram feitos para mulheres como nós...

Miley deu um beijo no rosto da amiga.

— Bem, é melhor você ir andando. Eu lhe desejo toda a felicidade e sorte do mundo. Que Deus a ilumine!

Demi lhe deu um abraço, então abriu a porta e deixou o prédio. Joseph desceu do carro ao vê-la se aproximar.

— Meu Deus, Demi, você está linda! Este vestido é simplesmente deslumbrante!

Ela deu um suspiro de alívio. Então ele aprovara sua escolha. Ou melhor, a escolha de Miley.

— Obrigada.

— Bem, é melhor nos apressarmos, ou vamos perder o grande acontecimento. Peço desculpas pelo atraso. E que tive de dar uma passada no despachante para apanhar os documentos do carro. — Ele abriu a porta da Ferrari para que ela entrasse. — Gostou do modelo?

Demi sabia que Joseph trocava de carros e de namoradas com a mesma frequencia. Talvez os carros durassem alguns dias a mais. Realmente, os Joseph Jonas da vida não foram feitos para uma moça do nível dela.

— Claro. Ele é lindo. — Ela deu um sorriso irônico. — Já sabe qual vai ser o próximo?

A Ferrari ganhou movimento e começou a deslizar pelas ruas de Sidnei.

— Ora, Demi, quer parar de criticar meus hábitos extravagantes? Eu adoro comprar carros. É meu hobby favorito.

— Um hobby muito caro, na verdade...

— Talvez. Mas eu posso me dar a esse luxo. Bem, Demi, eu andei pensando muito nesses últimos dias e gostaria de lhe fazer uma proposta. Sei que você não costuma apreciar minhas idéias, mas pode ser que concorde com o que tenho em mente.

Demi olhou para ele, um pouco intrigada.

— E o que exatamente você tem em mente, Joseph? Ele deu um sorriso.

— Estamos indo juntos ao casamento de Wilmer, certo? Que tal então fingirmos que estamos namorando? Isso daria ao seu querido ex-noivinho uma dose de seu próprio remédio.

Demi não podia ter ficado mais surpresa com a feliz coincidência.

— Você não vai acreditar, mas eu ia sugerir exatamente a mesma coisa.

Joseph também pareceu surpreso.

— Bem, pelo visto, mentes privilegiadas como as nossas têm sempre as mesmas idéias, não é?

— Então você não se importa?

— Se eu me importo? — Ele olhou para o lado e sorriu. — Vai ser um enorme prazer exibi-la ao mundo como minha namorada. Você está linda, Demi. Duvido que haja na festa uma moça mais bonita que você.

Demi deu um suspiro desanimado.

— Não precisa bancar o playboy galanteador comigo, Joseph. Você acha que eu vou cair em sua conversa mole? Pode guardar seus elogios e galanteios para suas amiguinhas.

— Eu acho que você está com problemas de visão, minha cara Demi. Será que não se olhou no espelho antes de sair de casa? Você está linda de verdade! E quanto a mim, se está pensando que continuo o playboy de sempre, devo informá-la de que estou mudando.

Um sorriso, com um toque de mistério, brincou nos lábios dele.

— Você não está sentindo um cheiro de mudança no ar?

A única coisa que ela sentia no ar era o cheiro de carro novo misturado ao caríssimo perfume masculino que ele sempre usara.

— Não.

Ele caiu na risada.

— Ah, Demi, Demi... Você não acredita em uma só palavra do que eu falo, não é? Mas não tem problema. Um dia, vou lhe mostrar que homem sincero, sensível e verdadeiro eu realmente sou.

Ela tentou manter o rosto sério, mas não conseguiu. A piada era grande demais.

— Joseph Jonas! Você é o maior mentiroso que já conheci na vida!

E continuou rindo durante todo o percurso até a igreja onde aconteceria a cerimônia.

Continua....

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